Dr Octavio Grecco

Imunoterapia para rinite alérgica
Rinite é uma doença respiratória muito comum e tem tratamento

A rinite é uma doença respiratória nasal muito comum que pode se manifestar de várias maneiras, cada uma com suas próprias nuances e desafios. Vamos explorar de maneira didática algumas das formas mais comuns e menos conhecidas dessa condição, suas causas e possíveis abordagens de tratamento.

Os sintomas da rinite são: obstrução nasal (entupimento do nariz), rinorreia (coriza), espirros em salva e prurido nasal. Muitas vezes a rinite pode estar associada a sintomas de prurido na orofaringe (garganta), prurido em conduto auditivo e nos olhos.

Quando associada a sintomas como prurido, lacrimejamento, vermelhidão e edema nos olhos estamos frente ao quadro de associação de rinite com conjuntivite, chamado de rinoconjuntivite, o que na sua maioria das vezes tem causa alérgica.

Quem é Dr Octavio Grecco?

Nasci em uma família de alérgicos e desde dois anos comecei a manifestar asma e rinite. Naquela época não havia os medicamentos que temos hoje e por isso acabei sofrendo crises com restrições para atividades físicas como andar de bicicleta, jogar futebol e até mesmo com a necessidade de internação hospitalar

Meu pai era biólogo e professor, e conversávamos muito sobre ciência e saúde e isto me estimulou o interesse pela Medicina. Na Faculdade tive o despertar do meu interesse pela Imunologia e Alergia, com certeza devido às alergias que ainda tenho. Então me especializei em Alergia e Imunologia Clínica. 

E também por influência de meu pai acabei seguindo carreira acadêmica, dedicando-me a ensinar alergia e Imunologia para médicos estagiários e residentes do Serviço de Imunologia Clinica e Alergia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Como sempre tive formação Humanista e sendo Alergologista, sempre avalio o paciente integralmente e não somente sua “pele alérgica” (p.ex.), pois o paciente é alérgico na totalidade. Com esta visão global tenho a possibilidade de ajudar as pessoas alérgicas e consequentemente melhorar sua qualidade vida.

Minha formação:

  • Formado em Medicina pela Faculdade de Medicina da PUC -SP 1988.
  • Residência em Clínica Médica 3 anos SUS SP.
  • Especialização em Alergia e Imunologia Clínica no Hospital das Clínicas – Faculdade de Medicina da USP.
  • Mestrado em Medicina pela Faculdade de Medicina da USP.
  • Médico Responsável pelo Ambulatório de Dermatite de Contato e Reações a Implantes do Hospital das Clínicas FMUSP.
  • Médico Responsável pelo Ambulatório de Candidíase Vaginal de Repetição e Herpes de Repetição do Hospital das Clínicas da FMUSP.
  • Médico Assistente do Ambulatório de Imunodeficiências Primárias do Hospital das Clínicas da FMUSP.
  • Membro da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia – ASBAI.
  • Membro da Comissão de Dermatite de Contato da ASBAI 2022-2024.
  • Membro da Diretoria da Regional São Paulo da ASBAI 2022-2024.
  • Membro da Academia Europeia de Alergia e Imunologia Clínica (European Academy of Allergy and Clinical Immunology – EAACI).
  • Membro da Sociedade Europeia de Dermatite de Contato (European Society of Contact Dermatitis).
  • Membro da Organização Mundial de Alergia (World Allergy Organization).
  • Membro do Comitê Brasileiro de Imunodeficiências – COBID.
  • Diretor Clínico e Responsável Técnico pela Clínica IMABE na cidade de São Paulo

1. Rinite alérgica: a mais comum de todas as formas

A rinite alérgica é uma resposta exagerada do sistema imunológico a alérgenos inofensivos, como pólen, ácaros da poeira doméstica e pelos de animais. Seus sintomas podem variar de leves a debilitantes, afetando a qualidade de vida. Pode ser dividida em dois grandes grupos, a saber:

A. Rinite alérgica sazonal

Este tipo ocorre quando indivíduos apresentam crises de rinite quando expostos a alérgenos que são dispersos pelo ar (aeroalérgenos) em períodos específicos do ano. Nesta época ocorre grande quantidade de pólen pelo ar e inclusive em alguns locais pode-se ver nuvens de pólen sendo carregadas pelo vento.

Este tipo de rinite ocorre mais em zonas de clima temperado que estão localizadas em diferentes áreas dos continentes da América do Norte, Europa, África, Ásia e Oceania. O território brasileiro possui clima temperado nos estados da região Sul: Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e em algumas cidades de São Paulo e Minas Gerais.

polen causador de rinite alergica sazonal
Polens de arvores,e grama sao causadores de rinite alergica sazonal

Em decorrência do clima brasileiro, os casos de rinite alérgica sazonal não são comuns nos outros Estados, ficando mais frequentes nas regiões do Sul do país. Os principais alérgenos desencadeantes incluem o pólen de plantas, como:

  • árvores: p.ex.: carvalho, olmo, bordo, oliveira, entre outras. Estes pólens são mais comuns na primavera
  • gramíneas: p.ex.: timóteo e capim Johnson; mais comuns no verão
  • ervas daninhas: p.ex.: ambrosia; mais comum no outono

Durante a estação de pólen específica, as partículas de pólen entram em contato com as membranas mucosas do nariz e dos olhos, desencadeando então uma reação alérgica. O tratamento visa principalmente controlar os sintomas e reduzir a sensibilidade a esses alérgenos por meio de medidas preventivas, medicamentos adequados e imunoterapia hipossensibilizante

nuvem de polen
Nuvem de pólen da planta Umberella Pine (Pinus pinea). Uma das causadoras de rinite alérgica sazonal no verão

B. Rinite alérgica perene

A rinite alérgica perene é uma inflamação crônica das vias nasais, frequentemente desencadeada por alérgenos presentes no ambiente. Diferente da Rinite Alérgica Sazonal, a Rinite Alérgica Perene não está relacionada com estações climáticas, e por isso persiste por todo o ano.

No Brasil, os alérgenos mais comuns associados a esta condição incluem:

  • ácaros da poeira doméstica
  • pelos de animais
  • fungos
  • alguns tipos de pólens (raro)
Acaro da poeira e rinite alergica
Ácaro da poeira doméstica: o grande inimigo invisível!

Esses alérgenos são inalados e desencadeiam uma resposta imunológica no organismo, ocasionando os sintomas típicos da rinite.

É importante ressaltar a associação da rinite alérgica perene com outras condições alérgicas, como a conjuntivite alérgica e a asma alérgica. A asma alérgica, caracterizada por dificuldade respiratória, tosse e chiado no peito, pode ser exacerbada pela presença de alérgenos que também provocam rinite.

Esta correlação ressalta a importância de um diagnóstico abrangente e de uma abordagem integrada no tratamento dessas condições alérgicas. O médico Alergista está capacitado para tratar as doenças alérgicas avaliando o paciente como um todo, pois como visto, mais de uma doença alérgica pode existir na mesma pessoa

rinite por pelo de gato
Rinite por pelos de animais domésticos

2. Rinites não alérgicas: uma perspectiva além das alergias

A. Rinite vasomotora

A rinite vasomotora é uma condição crônica que afeta o nariz, mas que não é causada por alergias ou infecções. Esta condição é caracterizada por sintomas como congestão nasal, coriza e espirros frequentes. Ao contrário da rinite alérgica, a rinite vasomotora é desencadeada principalmente por mudanças no clima e emoções fortes.

Esses gatilhos causam uma resposta exagerada dos vasos sanguíneos e nervos no revestimento nasal, levando à inflamação e aos sintomas. Diferentemente das alergias, os testes de alergia são normalmente negativos em pacientes com rinite vasomotora. É uma condição que pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comumente observada em adultos e idosos.

A rinite vasomotora é frequentemente confundida com alergias devido à semelhança dos sintomas, o que destaca a importância de um diagnóstico correto, daí a importância da avaliação de um médico Alergista.

B. Rinite gustativa

Um fenômeno raro, a rinite gustativa ocorre após a ingestão de alimentos quentes ou picantes, desencadeando sintomas semelhantes aos de uma alergia. Este tipo de rinite, menos conhecido, esses alimentos podem ativar as terminações nervosas nasais, causando uma reação do sistema nervoso autônomo.

Esta reação inclui a dilatação dos vasos sanguíneos nas mucosas nasais, levando a coriza ou congestão nasal. Pode se manifestar de maneira mais suave do que a rinite alérgica, em situações esporádicas. Embora seja mais comum em idosos, pode ocorrer em qualquer idade.

O tratamento inclui medicamentos, como anticolinérgicos, anti-histamínicos, corticoides tópicos e sprays, que devem ser realizados por prescrição médica. A automedicação pode ser perigosa ou ineficaz. É crucial que um médico avalie e determine o melhor plano de tratamento para cada caso específico.

3. Rinite mista: o encontro de dois mundos nasais

A rinite mista é uma combinação de rinite alérgica e não alérgica, apresentando uma gama ampla de desencadeadores e sintomas. Um desafio diagnóstico, mas um caminho para um tratamento abrangente.

4. Rinites associadas a condições específicas

A. Rinite ocupacional

Ambientes de trabalho específicos podem desencadear a rinite ocupacional, tornando crucial a identificação e controle dos alergênicos presentes. Aqui estão algumas das profissões e respectivas fontes de alérgenos:

•          Indústria têxtil: formaldeído, tintas de tecidos, fibras e poeiras de tecidos

•          Agropecuária: ácaros de estocagem, cereais, epitélios de animais, forragens e rações    para animais

•          Profissionais da saúde: medicamentos, látex

•          Cabelereiros: persulfato, tioglicolatos de amônia, constituintes das tintas e produtos capilares

•          Profissionais de estética: géis, cremes, produtos para unhas

•          Indústria elétrica: anidridos, fumaça de soldaduras de metais (fumos metálicos)

•          Madeireiros/ carpinteiros: poeiras de madeiras, fungos

•          Padeiros: ácaros de estocagem, enzimas, fermentos, farinhas

B. Rinite por drogas recreativas

Esta condição ocorre quando o uso de certas substâncias recreativas leva à irritação e inflamação das membranas nasais. As drogas comumente associadas a este tipo de rinite incluem cocaína, crack, entre outras, que são frequentemente inaladas.

O uso dessas substâncias pode causar danos aos tecidos nasais e aos vasos sanguíneos, resultando em sintomas como congestão nasal, sangramento nasal, coriza e, em casos graves, até a perfuração do septo nasal. Esses efeitos são causados não apenas pelas propriedades químicas irritantes das drogas, mas também pelos aditivos frequentemente misturados a elas.

É crucial destacar a seriedade dessa condição, pois além dos efeitos imediatos na saúde nasal, ela pode ser um indicativo de dependência química, uma condição que requer atenção médica e psicológica especializada. O tratamento da rinite causada por drogas recreativas envolve não apenas o manejo dos sintomas nasais, mas também uma abordagem compreensiva para tratar o abuso de substâncias.

5. Rinite induzida por medicamentos: a face menos conhecida

A. Sprays descongestionantes nasais

O uso excessivo de sprays descongestionantes nasais pode levar à dependência, resultando em uma forma específica de rinite medicamentosa, onde após o término do efeito da medicação o nariz volta a ficar congestionado.

B. Medicamentos sistêmicos indutores de rinite

Diversos medicamentos sistêmicos, como contraceptivos orais, medicamentos para disfunção erétil, alguns anti-hipertensivos e anti-inflamatórios não esteroides (AINES), podem contribuir para o desenvolvimento de rinite.

Dr Octavio Grecco congresso 2023
Dr Octavio Grecco moderando mesa sobre Dermatites de Contato no Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia 2023

6. Fatores desencadeantes e associados à rinite: além do óbvio

A. Gravidez

A gravidez pode desencadear alterações hormonais que contribuem para o desenvolvimento de rinite.

B. Rinite atrófica

Associada a condições como a fibrose cística, a rinite atrófica é caracterizada pela diminuição das secreções nasais, levando a sintomas desconfortáveis.

C. Doenças sistêmicas

Doenças como hipotireoidismo, granulomatose com poliangiite, granuloma de linha média, sarcoidose e síndromes de cílios imóveis podem ter a rinite como uma de suas manifestações.

 

7. O papel pivô do Alergista na detecção e diagnóstico

O alergista, especialista em alergias, desempenha um papel crucial no diagnóstico da rinite alérgica. Nesse cenário, o alergista emerge como o guia fundamental na jornada rumo ao alívio. Através de testes específicos, ele identifica os alérgenos responsáveis, personalizando assim o plano de tratamento.

8. Testes para alergia: desvendando os vilões invisíveis

Realizar testes alergênicos é um dos pontos fortes do alergista. Para a rinite alérgica podem ser feitas dois tipos de teste:

  • teste cutâneo de leitura imediata: é realizado no próprio paciente. O teste é aplicado na pele da face volar do antebraço, onde são colocados os reagentes e é feita uma puntura. O resultado fica pronto em 15 minutos.
  • pesquisa de IgE específica no sangue: quando há contraindicação para a realização do teste no paciente recorre-se a este teste

Esses testes revelam quais substâncias desencadeiam as reações alérgicas, fornecendo uma base sólida para o tratamento.

teste para alergia
Teste cutâneo para alergia, resultado em 15 minutos

9. Tratamento personalizado: a abordagem do alergista

Com as informações precisas obtidas através dos testes, o alergista cria um plano de tratamento personalizado. Esse plano pode incluir medicamentos, imunoterapia, controle ambiental e estratégias de enfrentamento para aliviar os sintomas e prevenir recorrências. O alergista não apenas trata os sintomas, mas também considera fatores como estilo de vida e saúde geral. Essa abordagem holística visa não apenas alívio imediato, mas também uma melhoria duradoura na qualidade de vida.

10. Tipos de abordagem terapêuticas

A. Imunoterapia: um aliado poderoso contra alergias persistentes

A imunoterapia, conhecida como “vacina de alergia”, é uma opção valiosa. Administra-se pequenas quantidades do alergênico ao paciente, aumentando gradualmente a tolerância e reduzindo a sensibilidade ao longo do tempo. É imprescindível que este tipo de tratamento seja feito pelo Alergista dentro do consultório.

B. Controle ambiental: modificando o ambiente para o bem da saúde

O Alergista aconselha sobre medidas de controle ambiental. Isso pode envolver mudanças na casa, para minimizar a exposição aos alérgenos, bem como no ambiente de trabalho:

  • capas antialérgicas (específicas, pois são impermeabilizadas na parte interna) para colchões e travesseiros
  • troca da roupa de cama semanal
  • limpeza com pano úmido das superfícies dos moveis e do chão se possível diariamente
  • tecido dos sofás, cadeiras e almofadas serem de fácil limpeza como couro sintético
  • trocar as cortinas por persianas que sejam de fácil limpeza
  • não utilizar produtivos perfumados para a limpeza; o ideal é água

C. Medicamentos sob medida: encontrando o equilíbrio adequado

Prescrever medicamentos apropriados é uma parte crucial do arsenal do Alergista. Antihistamínicos, corticosteroides nasais e descongestionantes podem ser recomendados para aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.

D. Monitoramento contínuo: adaptando o tratamento às necessidades evolutivas

A rinite alérgica não é estática; seus sintomas podem evoluir ao longo do tempo. O Alergista realiza acompanhamentos regulares para ajustar o tratamento conforme necessário, garantindo eficácia contínua, daí a necessidade de comparecer às consultas periódicas.

E. Educação do paciente: capacitando para uma vida sem limitações

Além de tratar os sintomas, o alergista educa o paciente sobre os alergênicos específicos e estratégias de prevenção. Essa abordagem educativa capacita o paciente a tomar medidas proativas para gerenciar sua condição.

F. O futuro com o cuidado pelo Alergista: vida livre de limitações

Com a orientação cuidadosa do alergista, os pacientes podem vislumbrar um futuro sem as restrições impostas pela rinite alérgica. A jornada para uma vida livre de sintomas começa com a parceria essencial entre paciente e especialista.

Na busca pelo alívio da rinite alérgica, o alergista é o capitão que guia a embarcação. Com sua experiência, conhecimento e abordagem personalizada, o alergista não apenas trata os sintomas, mas também oferece aos pacientes a esperança de uma vida livre de limitações impostas por essa condição nasal desafiadora. Consultar um alergista é o primeiro passo em direção a um futuro respirando livremente

https://droctaviogrecco.com.br/2023/12/13/o-papel-fundamental-do-alergista-e-imunologista-na-saude/

.https://asbai.org.br/cerca-de-26-das-criancas-tem-rinite/

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