A candidíase vaginal é um problema de saúde que afeta muitas mulheres. Em todo o mundo, estima-se que cerca de 70% das mulheres experimentarão pelo menos um episódio de candidíase vaginal em algum momento de suas vidas.
Mas o que é candidíase vaginal e por que ela é tão comum? Neste texto, vamos explorar o que é a candidíase vaginal, suas causas, sintomas, diagnóstico e tratamento.
O que é candidíase vaginal?
A candidíase vaginal é uma infecção causada por um fungo chamado Candida, que é o patógeno responsável dessa infecção. Essa levedura geralmente reside em pequenas quantidades na vagina, no trato gastrointestinal e na pele.
No entanto, em certas circunstâncias, ela pode se multiplicar e causar uma infecção. Na pele a Candida pode causar lesões como micose nas virilhas, axilas, embaixo de mamas grandes e nos abdomens volumosos que possuem dobras. Caso ocorra proliferação desequilibrada na vagina temos então a candidíase vaginal.
Devo ressaltar que a candidíase vaginal não é considerada uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST, antiga DST)
Quem é Dr Octavio Grecco?
Nasci em uma família de alérgicos e desde dois anos comecei a manifestar asma e rinite. Naquela época não havia os medicamentos que temos hoje e por isso acabei sofrendo crises com restrições para atividades físicas como andar de bicicleta, jogar futebol e até mesmo com a necessidade de internação hospitalar.
Meu pai era biólogo e professor, e conversávamos muito sobre ciência e saúde e isto me estimulou o interesse pela Medicina. Na Faculdade tive o despertar do meu interesse pela Imunologia e Alergia, com certeza devido às alergias que ainda tenho. Então me especializei em Alergia e Imunologia Clínica.
E também por influência de meu pai acabei seguindo carreira acadêmica, dedicando-me a ensinar alergia e Imunologia para médicos estagiários e residentes do Serviço de Imunologia Clinica e Alergia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Como sempre tive formação Humanista e sendo Alergologista, sempre avalio o paciente integralmente e não somente sua “pele alérgica” (p.ex.), pois o paciente é alérgico na totalidade. Com esta visão global tenho a possibilidade de ajudar as pessoas alérgicas e consequentemente melhorar sua qualidade vida.
Minha formação:
- Formado em Medicina pela Faculdade de Medicina da PUC -SP 1988.
- Residência em Clínica Médica 3 anos SUS SP.
- Especialização em Alergia e Imunologia Clínica no Hospital das Clínicas – Faculdade de Medicina da USP.
- Mestrado em Medicina pela Faculdade de Medicina da USP.
- Médico Responsável pelo Ambulatório de Dermatite de Contato e Reações a Implantes do Hospital das Clínicas FMUSP.
- Médico Responsável pelo Ambulatório de Candidíase Vaginal de Repetição e Herpes de Repetição do Hospital das Clínicas da FMUSP.
- Médico Assistente do Ambulatório de Imunodeficiências Primárias do Hospital das Clínicas da FMUSP.
- Membro da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia – ASBAI.
- Membro da Comissão de Dermatite de Contato da ASBAI 2022-2024.
- Membro da Diretoria da Regional São Paulo da ASBAI 2022-2024.
- Membro da Academia Europeia de Alergia e Imunologia Clínica (European Academy of Allergy and Clinical Immunology – EAACI).
- Membro da Sociedade Europeia de Dermatite de Contato (European Society of Contact Dermatitis).
- Membro da Organização Mundial de Alergia (World Allergy Organization).
- Membro do Comitê Brasileiro de Imunodeficiências – COBID.
- Diretor Clínico e Responsável Técnico pela Clínica IMABE na cidade de São Paulo
Doenças e problemas tratados por Alergistas e Imunologistas
- Rinite Alérgica: Uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, causando espirros, congestão nasal, coceira nos olhos e outros desconfortos. O alergista investiga as causas específicas da alergia, como ácaros, pólen ou mofo, para proporcionar tratamentos personalizados.
- Asma Alérgica: Uma doença respiratória crônica que pode ser desencadeada por alérgenos como poeira, pólen ou pelos de animais. O alergista não apenas alivia os sintomas, mas também identifica os fatores desencadeantes e, em alguns casos, prescreve vacinas de imunoterapia para reduzir a sensibilidade alérgica.
- Dermatite Atópica: Uma condição de pele que causa coceira, inflamação e erupções cutâneas. O alergista pode ajudar a identificar alérgenos que desencadeiam o problema e desenvolver estratégias para evitar ou controlar os sintomas.
- Dermatite de Contato: uma alergia de pele muito comum, parecida com a dermatite atópica, porem com agentes causais identificáveis através dos testes de contato, realizados pelos alergistas. https://droctaviogrecco.com.br/2023/09/15/dermatite-eczema/
- Alergias Alimentares: Reações alérgicas a alimentos podem ser graves e potencialmente fatais. O alergista realiza testes alérgicos e aconselha os pacientes sobre a dieta adequada, garantindo a segurança alimentar.
- Imunodeficiências Primárias e Secundárias: Os imunologistas clínicos avaliam e tratam pacientes que apresentam sistemas imunológicos comprometidos, seja devido a causas genéticas (primárias) ou adquiridas (secundárias). Eles administram tratamentos imunológicos específicos para reforçar as defesas do corpo.
- Infecções recorrentes: candidíase vaginal recorrente e herpes recorrente são enfermidades muito comuns que o alergista e imunologista consegue avaliar as possíveis causas e orientar tratamentos específicos no tocante à imunidade específica para estas doenças https://droctaviogrecco.com.br/2023/09/18/candidiase-vaginal/
Candidíase vaginal recorrente
A candidíase vaginal recorrente, uma das formas de candidíase, é uma condição que afeta aproximadamente 7% das mulheres que tem candidíase e se caracteriza por 4 ou mais episódios de candidíase comprovados com exames de laboratório, foram tratados e que retornam em um período de 12 meses consecutivos.
Esta forma de candidíase pode ser especialmente frustrante e desconfortável para as mulheres afetadas, pois a infecção continua voltando, por vários motivos. Daí a necessidade da paciente sempre procurar o médico para ser feito o diagnóstico correto.
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Sintomas da candidíase vaginal
A candidíase vaginal é geralmente caracterizada por sintomas distintos que podem incluir:
- Corrimento vaginal espesso e branco, semelhante ao leite coalhado.
- Coceira intensa na área genital.
- Vermelhidão e inchaço da vulva.
- Desconforto durante a micção ou relações sexuais.
Esses sintomas podem variar em gravidade, mas muitas mulheres relatam que a coceira é uma das partes mais incômodas da infecção.
Causas da candidíase vaginal recorrente
Há várias razões pelas quais algumas mulheres experimentam candidíase vaginal recorrente. Uma delas é a possibilidade de que o fungo responsável não seja Candida albicans, mas outro tipo de fungo como Candida glabrata, que pode ser mais resistente ao tratamento padrão.
Além disso, a presença de candidíase vaginal recorrente pode estar associada a outras infecções genitais. Outra causa pode ser o uso errôneo de automedicação (a própria mulher se medica), quadros de alergia ao fungo, e até outras doenças genitais.
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Nem toda coceira é candidíase
É importante observar que nem toda coceira na área genital feminina é causada por candidíase vaginal. Outras condições médicas, como dermatites de contato alérgicas causadas por
- sabonetes íntimos,
- absorventes,
- tipos de lingerie,
- sabões e amaciantes utilizados para roupa íntimas
- alergias ocu irritações pela própria lâmina de depilação íntima
Estas situações podem resultar em sintomas semelhantes. Portanto, é crucial procurar também um Alergista para obter um diagnóstico adequado, com a realização dos testes para alergias.
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Impacto na vida das mulheres
A candidíase vaginal não afeta apenas o bem-estar físico, mas também pode ter um impacto significativo na qualidade de vida das mulheres. Além do desconforto físico, essa infecção pode causar perturbações na vida profissional como ausência no emprego, desempenho reduzido das funções.
A coceira intensa e a irritação constante podem ser extremamente perturbadoras, levando a uma série de consequências emocionais, como ansiedade e depressão. Em alguns casos, o impacto psicológico pode ser tão grave quanto o desconforto físico, ocasionando crises conjugais.
Então já podemos afirmar que o tratamento da paciente com candidíase vaginal recorrente também deve ter o suporte psicológico adequado e muitas vezes não só para a mulher como para o casal, visto que esta doença pode alterar o relacionamento conjugal íntimo.
Possíveis Relações com Imunidade e Alergia
Algumas mulheres podem desenvolver candidíase vaginal recorrente devido problemas de imunidade, como imunodeficiências primarias ou secundarias. Esta situação é pouco frequente. Nesses casos, é fundamental avaliar a saúde imunológica da paciente.
Como já comentado anteriormente, em suspeitas de alergia associada, além da dermatite de contato no genital, existe a possibilidade de algumas mulheres terem desenvolvido reação alérgica à Candida; esta situação pode ocorrer em mulheres que sejam acometidas por rinite alérgica previamente.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico preciso da candidíase vaginal é crucial para garantir o tratamento correto. Geralmente, isso envolve exames específicos da secreção vaginal e mesmo da urina para avaliar o tipo de Candida, qual medicamento é o melhor a ser utilizado, ouras infecções concomitantes e avaliações alérgicas e imunológicas.
O tratamento da candidíase vaginal geralmente consiste em antifúngicos, que podem ser administrados na forma de comprimidos, cremes ou supositórios vaginais. A escolha do tratamento e a duração dependem da gravidade da infecção e da frequência das recorrências.
Além disso, é importante que a paciente siga as orientações do médico e conclua o tratamento, mesmo que os sintomas desapareçam antes do término do medicamento. Isso ajuda a evitar recorrências e a garantir que a infecção seja completamente erradicada.
Conclusão
A candidíase vaginal é uma infecção comum que pode afetar até 70% das mulheres em algum momento de suas vidas. Embora seja desconfortável e às vezes debilitante, é uma condição tratável.
A candidíase vaginal recorrente, caracterizada por quatro ou mais episódios em um ano, pode ser especialmente frustrante. As causas dessa recorrência podem variar, desde a resistência do fungo aos tratamentos usuais até a presença de infecções subjacentes.
É essencial lembrar que nem toda coceira na área genital feminina é causada por candidíase, e um diagnóstico preciso é fundamental. Além disso, o impacto emocional da candidíase vaginal não deve ser subestimado, e as mulheres que sofrem com essa condição devem buscar apoio médico e considerar a avaliação de um alergista se houver suspeita de problemas de imunidade.
Felizmente, com o diagnóstico adequado e o tratamento correto, a maioria das mulheres pode superar a candidíase vaginal e evitar recorrências frequentes. Se você está enfrentando sintomas semelhantes aos mencionados neste artigo, não hesite em procurar orientação médica. A saúde íntima é uma parte essencial do bem-estar geral das mulheres, e cuidar dela é fundamental
Fontes:
https://dermnetnz.org/search.html?q=vaginal%20candidiasis
https://www.cdc.gov/std/treatment-guidelines/candidiasis.htm