Dr Octavio Grecco

imunoterapia para alergia

Imunoterapia para alergia: uma aliada para o tratamento de alergias respiratórias

As vacinas para alergias, conhecidas como imunoterapia hipossensibilizante, são uma ferramenta valiosa na batalha contra as reações alérgicas. Surpreendentemente, esta forma de tratamento tem uma história que remonta a mais de um século, sendo a sua descoberta datada de 1911.

Neste texto exploraremos a diferença entre vacinas contra vírus e bactérias e vacinas para alergias, bem como seu papel vital no tratamento de doenças como rinite alérgica e asma. Além disso, discutiremos como a imunoterapia pode ser crucial para indivíduos com alergias graves a venenos de insetos, como abelhas, vespas e formigas.

Quem é Dr Octavio Grecco?

Nasci em uma família de alérgicos e desde dois anos comecei a manifestar asma e rinite. Naquela época não havia os medicamentos que temos hoje e por isso acabei sofrendo crises com restrições para atividades físicas como andar de bicicleta, jogar futebol e até mesmo com a necessidade de internação hospitalar. 

Meu pai era biólogo e professor, e conversávamos muito sobre ciência e saúde e isto me estimulou o interesse pela Medicina. Na Faculdade tive o despertar do meu interesse pela Imunologia e Alergia, com certeza devido às alergias que ainda tenho. Então me especializei em Alergia e Imunologia Clínica. 

E também por influência de meu pai acabei seguindo carreira acadêmica, dedicando-me a ensinar alergia e Imunologia para médicos estagiários e residentes do Serviço de Imunologia Clinica e Alergia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Como sempre tive formação Humanista e sendo Alergologista, sempre avalio o paciente integralmente e não somente sua “pele alérgica” (p.ex.), pois o paciente é alérgico na totalidade. Com esta visão global tenho a possibilidade de ajudar as pessoas alérgicas e consequentemente melhorar sua qualidade vida.

Minha formação:

  • Formado em Medicina pela Faculdade de Medicina da PUC -SP 1988.
  • Residência em Clínica Médica 3 anos SUS SP.
  • Especialização em Alergia e Imunologia Clínica no Hospital das Clínicas – Faculdade de Medicina da USP.
  • Mestrado em Medicina pela Faculdade de Medicina da USP.
  • Médico Responsável pelo Ambulatório de Dermatite de Contato e Reações a Implantes do Hospital das Clínicas FMUSP.
  • Médico Responsável pelo Ambulatório de Candidíase Vaginal de Repetição e Herpes de Repetição do Hospital das Clínicas da FMUSP.
  • Médico Assistente do Ambulatório de Imunodeficiências Primárias do Hospital das Clínicas da FMUSP.
  • Membro da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia – ASBAI.
  • Membro da Comissão de Dermatite de Contato da ASBAI 2022-2024.
  • Membro da Diretoria da Regional São Paulo da ASBAI 2022-2024.
  • Membro da Academia Europeia de Alergia e Imunologia Clínica (European Academy of Allergy and Clinical Immunology – EAACI).
  • Membro da Sociedade Europeia de Dermatite de Contato (European Society of Contact Dermatitis).
  • Membro da Organização Mundial de Alergia (World Allergy Organization).
  • Membro do Comitê Brasileiro de Imunodeficiências – COBID.
  • Diretor Clínico e Responsável Técnico pela Clínica IMABE na cidade de São Paulo

Vacinas contra alergia vs vacinas para vírus e bactérias

É essencial compreender que as vacinas contra alergias diferem significativamente das vacinas tradicionais contra vírus e bactérias.

  1. As vacinas convencionais, como as da gripe ou do sarampo, contêm uma forma enfraquecida ou inativada do agente patogênico. Desta forma, o sistema imunológico é estimulado a produzir uma resposta de defesa.
  2. As vacinas contra alergias são concebidas para tratar alergias já existentes e sua atuação no sistema imunológico difere totalmente da vacina contra vírus. As alergias respiratórias ocorrem quando o sistema imunológico reage exageradamente a substâncias ambientais inofensivas, como ácaros do pó doméstico, pólen e pelos de animais.
  3. Vacinas contra alergias contêm pequenas quantidades da substância alergênica em questão, administradas gradualmente em concentrações crescentes do alérgeno ao longo do tempo.
    Isso permite que o sistema imunológico se acostume gradativamente com a substância e desenvolva tolerância, reduzindo as reações alérgicas.

Para quem a imunoterapia é indicada?

Pacientes com as seguintes doenças:

  1. Rinite alérgica
  2. Conjuntivite alérgica
  3. Asma alérgica
  4. Dermatite atópica
  5. Alergia alimentar

Pacientes com mais de cinco anos respondem melhor à imunoterapia para alergias respiratórias. Os pacientes devem se comprometer com o tratamento, pois a adesão é um dos fatores de sucesso dessa terapia.

Imunoterapia para rinite alérgica

Imunoterapia: tratamento personalizado para rinite alérgico

Tratamento para rinite e asma alérgicas

A rinite alérgica e a asma são doenças crônicas que afetam muitas pessoas em todo o mundo. A rinite alérgica é caracterizada por espirros, coriza, diminuição do olfato, coceira e obstrução nasal. A rinite muitas vezes pode ser acompanhada por sintomas oculares, como coceira, olhos vermelhos e lacrimejamento. Neste caso temos rinoconjuntivite alérgica.

A asma alérgica envolve dificuldades respiratórias, como falta de ar, aperto no peito, tosse e respiração ofegante. Quando têm causa alérgica, ambos são desencadeados por alérgenos específicos dependendo do local (cidade/país) onde a pessoa mora.

Por exemplo, na Europa e na América do Norte, onde existe um clima temperado com estações definidas, a rinite alérgica e a conjuntivite são frequentemente causadas pelo pólen das gramíneas disperso pelo ar em abundância na primavera.

As principais causas de rinoconjuntivite e asma no Brasil são os ácaros do pó doméstico. Os ácaros são animais microscópicos e existem onde há local quente e úmido e comida. Por exemplo, um deles se alimenta de restos de pele chamados Dermatophagoides e, portanto, o melhor lugar para eles viverem é a nossa cama e travesseiro.

A imunoterapia é um tratamento personalizado e específico para aquilo a que o paciente é alérgico; ou seja, se o paciente for alérgico a determinado tipo de ácaro, a vacina é manipulada especificamente para aquele ácaro.

Acaro da poeira

Ácaro da poeira doméstica: o grande inimigo invisível!

Imunoterapia para alergias a veneno de insetos

Para indivíduos alérgicos a abelhas, vespas e picadas de formigas, as injeções contra alergia costumam ser a única esperança de evitar reações potencialmente fatais. Essas alergias podem causar sintomas graves, incluindo urticária, edema de glote, dificuldade em respirar e choque anafilático.

O tratamento com vacinas ajuda a criar resistência aos venenos dessas picadas de insetos, reduzindo o risco de reações graves e potencialmente mortais. As injeções contra alergia podem ser um verdadeiro salva-vidas para pessoas com alergia a esses insetos.

 
Dr Octavio Grecco moderando mesa sobre Dermatites de Contato no Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia 2023

Vantagens da imunoterapia contra alergias

As vacinas para alergia são eficazes no tratamento de alergias respiratórias, venenos de insetos, e, em casos especiais para alguns alimentos. Ao expor gradualmente o sistema imunológico ao alérgeno desencadeante, as vacinas ajudam a reduzir a sensibilidade do corpo a esses alérgenos.

Isto pode resultar em sintomas de rinite e asma mais leves ou menos frequentes, melhorando significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Além disso, são a única forma de tratamento capaz de alterar a evolução natural da doença alérgica e seu efeito perdura por anos após seu término.
Reduzindo o uso de medicamentos contínuos

Uma das vantagens mais significativas das vacinas para alergias respiratórias é a redução da dependência de medicamentos em uso. Muitos pacientes com rinite alérgica e asma devem tomar antialérgenos e corticosteroides regularmente para controlar os sintomas. Esses medicamentos podem ter efeitos colaterais a longo prazo.

A imunoterapia oferece uma alternativa promissora. À medida que o sistema imunológico se adapta ao alérgeno, muitos pacientes experimentam uma redução na gravidade e frequência dos sintomas alérgicos. Isso pode permitir que reduzam a dosagem dos medicamentos ou até mesmo deixem de usá-los, melhorando sua qualidade de vida e economizando em despesas médicas.

Duração do tratamento com vacina contra alergia

É importante observar que o tratamento com a imunoterapia não é uma solução instantânea. Geralmente leva tempo para o sistema imunológico se adaptar ao alérgeno. Em média, o tratamento dura cerca de três anos e meio.

Durante os primeiros seis meses, as vacinas são geralmente administradas semanalmente para aumentar gradualmente a exposição ao alérgeno. Após esse período inicial, as doses são espaçadas e distribuídas mensalmente durante três anos. Alguns protocolos de tratamento sugerem o uso de doses de reforço a cada 4 a 6 meses após o término do tratamento inicial.

Supervisão do Alergista: um requisito fundamental

As vacinas contra alergia devem sempre ser administradas sob a supervisão de um alergista. A razão para isto é a natureza altamente personalizada destas vacinas. Cada vacina é formulada com base nas alergias específicas de cada paciente. Esta especificação torna a administração e a dosagem uma tarefa que requer conhecimentos médicos.

Além disso, como as injeções contra alergia contêm exatamente o alérgeno que o paciente deseja combater, existe um risco potencial de reações alérgicas durante os primeiros 30 minutos após a injeção. Como resultado, o paciente deve aguardar no consultório do alergista esse período para posterior avaliação após a administração. Um alergista experiente pode monitorar quaisquer reações adversas e tomar medidas imediatas para mitigar o problema.

Conclusão

As vacinas contra alergias têm uma história impressionante que remonta a mais de um século e desempenham um papel vital no tratamento de alergias, incluindo rinite alérgica e asma. Além disso, são uma esperança para quem sofre de alergias graves a insetos venenosos.

Ao permitir que o sistema imunológico se adapte aos alérgenos, estas vacinas podem reduzir a gravidade dos sintomas alérgicos, diminuir a dependência de medicamentos e melhorar a qualidade de vida. No entanto, estas vacinas devem ser administradas sob a supervisão de um alergista experiente para garantir a sua segurança e eficácia.

Fonteshttps://droctaviogrecco.com.br/2024/01/12/rinite-alergica/

https://dermnetnz.org/topics/immunotherapy-for-allergic-diseases

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